Textor revela documentário sobre o Botafogo e defende teto salarial no Brasil

Mandatário alvinegro também comentou sobre as acusações de manipulação

O empresário John Textor, dono da SAF do Botafogo, deu uma entrevista para o quadro ‘Abre Aspas’ do GE. Durante a conversa, o norte-americano revelou a produção de um documentário contando o que aconteceu com o Botafogo em 2023 e defendeu o teto salarial no Brasil.

“Então o que eu comecei a fazer foi planejar algo que posso anunciar hoje. Há um bem financiado documentário, que será distribuído globalmente, que estamos produzindo faz um tempo. Se chama “Time to Set Fire”. Botafogo, como vocês sabem, significa exatamente isso. Mas adquiriu um novo significado para mim. Porque eu percebi que deveria queimar a casa da corrupção“, disse Textor, que completou:

“É a história de um grande clube, vencedor de grandes campeonatos, um fornecedor de jogadores para a Copa do Mundo, dos grandes jogadores da história do Brasil e que chegou muito perto de reconquistar a glória pela primeira vez desde os tempos de Montenegro e do grande campeonato de 1995. E não aconteceu. Foi dolorido. Fomos do melhor primeiro turno da história do campeonato brasileiro para o pior colapso da história do futebol. É assim que isso é citado fora do Brasil.”

Textor também cita que o problema da manipulação de jogos é global e que a produção seria benéfica para a imagem do Brasil. Além disso, ele destaca que o que aconteceu com o Botafogo em 2023 não deveria acontecer de novo.

“E eu não vou deixar essa história ser contada. Então “Time to Set Fire” é uma história sobre o que aprendemos aqui. Não apenas sobre o Brasil, mas o que aprendemos sobre o resto do mundo. Porque a manipulação de resultados é um problema global, ocorre em todos os esportes, está no futebol, está em todo lugar. E quando este documentário estiver pronto, será muito pouco sobre “você conhece esse gringo que está reclamando do campeonato perdido” e muito mais sobre como o Brasil deu o exemplo para limpar o mundo deste flagelo, o mal da manipulação de resultados.”

Não há o que temer sobre o filme que eu vou fazer. Não vai fazer o Brasil parecer ruim. Vou fazer o Brasil parecer o lugar lindo que eu sei que é. Eu vou fazer justiça ao que aconteceu, vou garantir que seja verídico, que proteja reputações e instituições. E no final das contas o Brasil vai definir o padrão para a limpeza do mundo do futebol. E vou fazer o filme no maior estúdio dos Estados Unidos. Vai se chamar “Time to Set Fire” e vocês verão um trailer nos próximos 45 dias.”

“O que aconteceu conosco nunca deveria acontecer de novo. Eu vou dizer de novo: foi uma supressão de pontos de um time e uma aceleração de pontos que favoreceu outro time. Eu sou a única pessoa que vai continuar a dizer que o campeonato do ano passado foi roubado de nós. Eu concordo que nunca vamos ganhar esse troféu de novo. Mas você não vai me obrigar a dizer que perdemos de maneira justa. E para as pessoas que dizem que estou fazendo tudo isso para encobrir o mau comportamento da minha equipe, ou que não jogamos bem o suficiente. Certamente entramos em colapso.

Além disso, Textor defendeu a criação de uma liga no Brasil com teto salarial e fez uma previsão sobre o Bahia, clube que pertence ao Grupo City, financiado por Abu Dhabi.

“Se você fizer isso ou nada, e esse é meu aviso para Corinthians, Palmeiras, Flamengo… Se não fizermos algo, vamos acordar daqui a 70 anos, sob a atual estrutura administrativa, com as pessoas que estão aqui hoje, o Bahia vai ganhar o Campeonato Brasileiro em 17 de cada 20 anos.”

Eu amo as pessoas no Manchester City, as pessoas que trabalham lá são incríveis. Mas o fato é que o Brasil trouxe dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos algo agora sobre um teto salarial, o Bahia vai comer nosso almoço. Aquela cidade maravilhosa [Salvador], ótimo hotel, ótima comida, perfeita. Eles vão ganhar todos os campeonatos por 20 anos consecutivos. Lamento dizer isso para os torcedores do Flamengo aí fora. Esqueçam, acabou, acabou. Precisamos consertar isso agora. A Liga tem que ser feita agora, o teto salarial também. Eles são Abu Dhabi. Nós temos que competir contra o Catar [PSG] na França. Eu estou disputando com um país, não com um dono. Um modelo de gasto desenfreado, sem restrições.”

O Botafogo volta a campo nesta quarta-feira (17). O Glorioso recebe o Palmeiras, às 21h30, no estádio Nilton Santos, em jogo válido pela décima sétima rodada do Campeonato Brasileiro de 2024.

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Confira outros pontos da entrevista de John Textor

Botafogo em 2024

“Ainda é cedo. Dado o que aconteceu em 2023, nós queríamos ter uma chance de competir e estar no topo cedo. Tem muitas equipes boas no topo, uma diferença de apenas três pontos, mas é muito bom estar lá.”

Arrependimentos de 2023

Eu deveria ter ficado com o Bruno Lage. Ele teve um colapso por causa do futebol brasileiro, pela intensidade nas entrevistas coletivas. Ele é um grande professor. Os jogadores não se acostumaram com ele. Eles só queriam jogar futebol, e ele trouxe muitos ensinamentos e conceitos para o dia a dia. Eu acho que poderia ter ajudado com isso. Ele ganharia os seis pontos de que precisávamos (para o título), acharia uma solução. Pode ser uma controvérsia, é muito fácil ficar chateado com a pessoa, e não é que não tivemos bons treinadores depois, mas depois do Bruno a falta de continuidade foi culpa minha.”

Manipulação de resultados

“Há muita conversa nos programas esportivos sobre eu causar problemas para o país. Ninguém deve ter vergonha disso, porque acontece em todo lugar. A empresa que nos ajuda aqui [Good Game] monitora Roland Garros, um jogador da NBA foi banido [Jontay Porter]. Honestamente, não acho que eu tenha cometido muitos erros.”

“Eu poderia ter apresentado o argumento de forma diferente, sem ser tão específico. O que está acontecendo agora é uma piada. Pela primeira vez o denunciante está sendo acusado. Como eu sei que existe corrupção no futebol? Porque Leila e Ednaldo me disseram. Os dois anunciaram uma força-tarefa contra manipulação em Wembley [em março, na véspera de um amistoso da seleção]. Por que eles precisam de uma força-tarefa se não há manipulação no Brasil? Por que o gringo é o cara marcado por trazer problemas ao Brasil quando é um problema global, já foi admitido aqui e a CBF se encontra com representantes de outros clubes, mas não comigo? Anunciaram a força-tarefa porque estão com medo de manipulação no Paraguai, Guatemala ou Turquia? Não, a preocupação é aqui.”

Provas de manipulação

“São dois relatórios diferentes, com objetivos diferentes, produzidos por esta mesma empresa, Good Game. Até pouco tempo atrás, eu não tinha entendido o dano que está sendo causado pela confusão de misturar os dois. Esse auditor do STJD, Mauro [Marcelo], o cara que ama o Palmeiras e está no STJD, ele misturou os dois relatórios de um jeito muito inapropriado. Existe um relatório chamado “Ref. Eval” [avaliação de árbitros]. Esta ferramenta avalia cada milissegundo, cada decisão, cada apito.”

“Eu nunca ofereci o “Ref. Eval” como prova de que um jogo foi manipulado. Mas sim como um complemento ao relatório de “Match Fix”, que mede “desvios de comportamento”. Então, se você está fazendo uma investigação séria sobre manipulação de resultados, teria que perguntar se, de todos aqueles cinco gols, quatro podem ter sido resultados de “desvios” e um de má decisão do juiz. Mas esse um pode ter sido um erro honesto.”

“Qual é a prova da Good Game? Uma prova, tão boa quanto qualquer outra, não analisa os motivos. Imagine que houve um assassinato. E você tem câmeras em toda a propriedade, em toda a casa. O cara entra, é filmado passando pela porta da frente, ele saca uma arma, ele atira no dono da casa, ele fica em pé ao lado do corpo, se certifica de que está morto, coloca a arma no bolso e sai. Isso é uma prova para você? É uma boa prova, certo? Isso diz que o cara cometeu o crime. Não sabemos por quê. Foi por paixão, amor ou dinheiro? Não sei. Mas temos o suficiente para condenar.”

Vasco e 777

“Conhecendo os investidores por trás da 777, eu penso que o que aconteceu de errado no Brasil pode ser bem ruim para o país. Porque o clube social foi até o tribunal e tomou o controle do clube. Ele pode até estar certo sobre os problemas na 777, mas acho que deveriam ter esperado até a 777 violar alguma cláusula do acordo.”

“O dinheiro por trás da 777 ainda está lá e é muito bem capitalizado. É uma grande empresa de seguros. Se eles escolherem cumprir com o contrato, eles têm todos os recursos financeiros para isso. Logo que começaram a surgir os problemas com a 777 ao redor do mundo, esse grupo assumiu o controle da 777 e eles estão preparados para cumprir as obrigações.”

“Tem uma coisa estranha que acontece no Brasil, estranha na perspectiva de um americano, que as pessoas podem ir a um juiz em uma sessão secreta e dizer “Veja, é muito claro o que estamos dizendo”. E as outras partes não são convidadas para se defender, e o juiz toma uma decisão os colocando no comando do clube. Isso é insano. Tem um legítimo investidor multibilionário por trás do Vasco. O cara que deu o dinheiro à 777 e que efetivamente é o proprietário dos ativos agora.

“Vamos falar sobre o Botafogo rapidamente. Nós tivemos altos e baixos dentro da SAF desde que chegamos. Estamos aprendendo a lei. Sabe o quão próximo estivemos de talvez ter a mesma coisa acontecendo com a gente? Pegarem alguma coisa, dizerem que fizemos errado, ir até um juiz e tomar controle do clube. Isso ainda poderia acontecer com o Botafogo hoje. Eu sinto que o que aconteceu com o Vasco vai criar problemas daqui para frente. Vai ser muito difícil para as pessoas confiarem em investir no Brasil. Estou muito preocupado com isso.”

Leia mais: Botafogo X Palmeiras: Prováveis escalações, onde assistir e arbitragem

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