Pedrinho, do Shakhtar, fala sobre o sacrifício de ficar longe da família

O brasileiro explicou porque decidiu retornar para a Ucrânia

Pedrinho, que estava emprestado ao Atlético-MG, voltou este ano para o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. Em um país que está em guerra com a Rússia há mais de dois anos, não só o futebol local é atingido, mas também os jogadores que lá estão, inclusive os brasileiros. O meia estava emprestado à equipe mineira até julho, mas fez o caminho inverso aos atletas que procuram sair de lá em meio ao conflito, e, ainda em fevereiro, renovou com o Shakhtar até 30 de junho de 2029.

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Em entrevista recente, o ex-Atlético-MG falou sobre por que quis retornar ao clube ucraniano, mesmo tendo em mente os problemas que a guerra causa.

“Os brasileiros do clube falaram que estavam vivendo um pouco mais afastados da situação da guerra. O diretor também me deu toda a segurança e suporte, mas claro que a gente nunca fica satisfeito por completo porque a gente sabe que a Ucrânia está vivendo uma situação bem complicada. Mas foram inúmeros fatores que eu achei que poderia ser importante para poder voltar, e poder atuar em alto nível”.

Pelo terceiro ano seguido, o Shakhtar Donetsk está na disputa da Liga dos Campeões. Esse fator influenciou a escolha de Pedrinho, que estendeu seu vínculo principalmente por conta da presença do time na competição. O meio-campista mora sozinho na Ucrânia, desde que voltou para a região. Além dele, outros seis brasileiros do elenco vivem a sós por lá. Os familiares dos atletas ficaram no Brasil por conta dos perigos da guerra. Pedrinho contou que, por não ter certeza do que encontraria ao chegar, preferiu viajar sem nenhum parente.

“Acredito que o maior sacrifício que a gente tem é estar longe da nossa família. O dia a dia aqui é tranquilo. Estamos vivendo hoje em Lviv, na fronteira com a Polônia, onde a gente pode sair normalmente. Acho que só aconteceu duas situações quando a gente estava ainda na capital que causou um pouco de tensão, mas esses últimos meses que fomos para Lviv acabou ficando mais tranquilo. A gente acaba correndo o risco para o bem de todos os nossos familiares, mas sabendo que é complicado a família viver aqui realmente”.

Outro desafio que o brasileiro teve que enfrentar foi a adaptação ao futebol ucraniano, no qual ele voltou a jogar há cerca de seis meses. Mesmo que ele tenha optado por se mudar, relatou sentir medos em relação à guerra da Ucrânia, o que o atrapalhou nos gramados. Nos primeiros treinamentos e partidas, Pedrinho não conseguiu apresentar sua melhor versão, mas disse que se sente melhor atualmente.

“O meu retorno vem sendo gradual, porque acredito que os primeiros meses não foram normais. Vim para uma situação que sabia o que estava acontecendo, mas até mesmo em muitos momentos eu acaba não dormindo bem, preocupado, longe da família. Eu via que isso acaba refletindo dentro de campo. Às vezes ia dormir cinco horas da manhã para treinar oito. Então, é como a gente fala, aqui não é só o futebol, é o extracampo também. A gente tem muitas viagens longas, de ônibus, porque até mesmo aeroporto não está funcionando. No início acho que isso acabou prejudicando um pouco”.

Apesar de não haver previsão para quando este conturbado cenário irá se resolver, as instituições esportivas buscam se ajustar como podem. O ex-jogador e diretor executivo do Shakhtar Donetsk, Darijo Srna, exaltou a coragem de atletas como Pedrinho de aceitarem a jogar na equipe ucraniana nestas circunstâncias.

“Tenho o máximo respeito por esses jogadores que vieram para nós apesar da guerra nos últimos anos. Eles não conheciam a guerra até agora. Mostraram coragem e provaram que ainda somos um grande clube”.

O Grupo dos Vinte (G20), que acontece, nesta semana, no Rio de Janeiro, é o principal fórum de cooperação econômica internacional. Srna, falou a respeito da expectativa para o encontro, tido como uma das apostas para ajudar de alguma maneira a guerra na Ucrânia.

“Uma oportunidade para os países mais influentes do mundo discutirem vários temas, e definitivamente a invasão da Ucrânia é um deles. Esperamos que os líderes mundiais encontrem uma forma de finalmente trazer paz para a Ucrânia. Já são mais de dois anos e meio de mortes, e está reunião pode ser fundamental para encontrar uma solução”.

Mesmo tendo um extenso contrato pela frente, o jogador de 26 anos confessou que considera o término da guerra para seguir no país, mas sua expectativa é alta para a região voltar ao normal.

“Tenho contrato de cinco anos aqui. O meu desejo quando escolhi voltar era que a guerra acabasse o quanto antes. Tenho em mente ficar aqui o máximo de tempo possível, tenho certeza que o Shakhtar é uma grande equipe, e que possa fazer com que eu evolua cada vez mais. Tudo depende de como vai ficar a situação da guerra. É bastante difícil ficar longe da família. É torcer para que a guerra acabe logo para que eles possam estar junto comigo. O meu desejo é ficar aqui bastante tempo.”

O Shakhtar Donetsk é o 28º na tabela de classificação da Liga dos Campeões, com quatro pontos conquistados no campeonato. A equipe ucraniana está com uma vitória, um empate e duas derrotas em quatro partidas disputadas até aqui.

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