O jornalismo esportivo e a comunicação brasileira perderam uma de suas figuras mais emblemáticas. Léo Batista, cuja voz marcante se tornou sinônimo de grandes momentos do esporte e da televisão no país, faleceu neste domingo (19), aos 92 anos.
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Ele estava internado desde o dia 6 de janeiro no Hospital Rios D’Or, no Rio de Janeiro, para tratar um câncer no pâncreas, descoberto após um quadro de desidratação e dor abdominal.
Léo Batista, cujo nome completo era João Baptista Bellinaso Neto, nasceu em 1932, em Cordeirópolis, no interior de São Paulo. Sua carreira brilhante começou de forma improvisada, usando uma latinha de tomate como microfone na adolescência. Aos 15 anos, começou a trabalhar em uma rádio local e, em 1952, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Rádio Globo. Foi lá que adotou o nome profissional que o consagrou: Léo Batista.
Uma carreira de pioneirismo e versatilidade
Léo Batista foi um dos pioneiros do jornalismo esportivo na televisão brasileira. Ele estreou na TV Rio em 1955, onde apresentou programas de boxe e lutas, e logo se destacou pela voz imponente e pela capacidade de transmitir emoção. Em 1970, ingressou na TV Globo, onde se tornou uma referência no esporte e em outras áreas da comunicação.
Ele foi um dos criadores do “Esporte Espetacular”, em 1973, e do “Globo Esporte”, em 1978. Além disso, apresentou telejornais como o “Jornal Nacional” e o “Jornal Hoje”, e foi a voz de momentos históricos, como o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e a morte de Ayrton Senna, em 1994.
Léo Batista também foi o primeiro narrador de Fórmula 1 na TV Globo, criando um sistema próprio para acompanhar as corridas com ímãs e pranchetas, antes da era dos computadores. Ele narrou a trágica morte de Senna em Ímola, um dos momentos mais difíceis de sua carreira.
No “Fantástico”, Léo Batista ficou famoso por anunciar os resultados da loteria esportiva ao lado de uma zebrinha e por narrar os gols da rodada no quadro “Gols do Fantástico”. Sua voz marcante também embalou transmissões de surfe, Olimpíadas e Copas do Mundo, consolidando-o como um dos maiores nomes da comunicação esportiva no Brasil.
A paixão pelo Botafogo
Torcedor apaixonado do Botafogo, Léo Batista era sócio do clube desde 1992 e sempre exaltou o Alvinegro em sua trajetória profissional. Ele cobriu o primeiro jogo de Garrincha pelo Botafogo, em 1953, e acompanhou as glórias e desafios do time ao longo das décadas.
Em 2019, o Botafogo homenageou Léo Batista batizando uma cabine de imprensa do Estádio Nilton Santos com seu nome. O clube também lembrou o jornalista em suas redes sociais após sua morte, destacando sua contribuição para a história do futebol e sua ligação com o Alvinegro.
— Léo Batista anunciou o Tempo de Botafogo e viu o nosso Glorioso protagonizar um ano histórico antes de sua despedida. Do primeiro jogo do #MaiorDeTodosOsTempos até a #GlóriaEterna, meu escolhido viveu e transmitiu o BOTAFOGO de forma única. 🖤🤍 #BFR — escreveu o clube.
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Homenagens e legado
A morte de Léo Batista foi lamentada por colegas de profissão, torcedores e entidades esportivas. A CBF determinou que todas as federações realizem um minuto de silêncio nos jogos dos campeonatos estaduais em sua homenagem.
O narrador Luis Roberto, da TV Globo, lembrou a origem do apelido “voz marcante”, que surgiu durante as participações de Léo no “Show do Intervalo”.
— A voz marcante, por conta de ela ser mesmo marcante. De estar sempre chamando atenção de nós para irmos para frente da TV. Eu sou do tempo em que a gente tinha um aparelho de televisão em casa. Ela ficava ligada o tempo todo. Quando a gente ouvia a voz do Léo, era alguma notícia de esporte. Aí, a gente corria para frente da TV. Então, era muito marcante mesmo — explicou Luis Roberto.
Léo Batista deixa um legado imenso para o jornalismo esportivo e para a televisão brasileira. Sua voz marcante, sua paixão pelo esporte e sua dedicação ao Botafogo continuarão a inspirar gerações.
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