Com inspiração no Grupo City, dono de clubes como Bahia e Manchester City, o ex-presidente do Tricolor Baiano, Guilherme Bellintani, atualmente gestor do Londrina, tem apostado no modelo multiclubes no Brasil.
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O formato repete o que é feito por vários grupos fora do país, mas com foco mais nacional. Além do time paranaense, a Squadra Sports, de Bellintani, está à frente atualmente do Ypiranga-BA, do Linense-SP e do VF4-PB. A empresa mira ainda clubes de Portugal e do Uruguai para fechar a plataforma.
Em entrevista ao ‘Globo Esporte’, Guilherme Belliintani detalhou que essa ideia surgiu no período em que conduziu a negociação da venda da SAF do Bahia para o City Football Group.
“Fiquei um ano trabalhando com o City ali, compreendendo o que é o COM [multi-club ownership], uma plataforma de clubes de propriedade de um mesmo grupo. Vi como é a lógica de funcionamento, o dia a dia da gestão, a estratégia de alocação de jogador, de aquisição de jogador jovem, depois você o joga num time um pouco mais de vitrine para projetá-lo, como é a lógica de participação nas competições, como você contrata um jogador não apenas para aquele clube específico, mas para a plataforma inteira. Eu me perguntava muito: por que o Brasil não criou o seu próprio multiclubes ainda? Criamos a Squadra, logo depois da minha saída do Bahia, e comecei a operar esse projeto.”
Rede multiclubes da Squadra Sports
- Londrina: 90% da SAF – investimento previsto de R$ 100 milhões em seis anos
- Ypiranga-BA: gestão do departamento de futebol por 10 anos
- Linense-SP: 85% do clube, que é S.A; investimento de R$ 27 milhões em seis anos, aporte pode chegar a R$ 48 milhões se chegar à elite do Paulistão
- VF4-PB: 50% do clube paraibano, que é do ex-lateral Victor Ferraz
“O Fair Play financeiro, antes disso, é dizer: meu amigo, se você contrata aquele número 10, que lhe custa R$ 1 milhão, você tem que pagar, porque se você não pagar, você vai perder um ponto na competição.” opinou Bellintani.
Bellintani também opinou sobre a realidade das SAFs no futebol brasileiro.
“Não existe uma única fórmula de dar certo ao futebol. Tem clubes que não precisam fazer SAF, que não querem, pela cultura de gestão da associação, por exemplo. O Flamengo não precisa fazer uma SAF, o Palmeiras não precisa fazer. Clubes que são muito poderosos do ponto de vista econômico e estão organizados da porta para dentro. Tem clubes que são poderosos no ponto de vista econômico, mas estão desorganizados da porta para dentro. Esse clube tem duas alternativas: ou faz uma SAF para se organizar, pagar dívidas… Ele fatura R$ 1 bilhão por ano, mas ele gasta R$ 1,2 bi, R$ 1,3 bi. Às vezes ele precisa de uma SAF para pagar dívida e para organizar. Ou às vezes é capaz, como o Palmeiras fez desde 2014, de virar o jogo do próprio projeto associativo. É outra alternativa. Por outro lado, tem clubes de dois tipos ainda: os que estão inviabilizados economicamente, por mais que sejam grandes, mas o tamanho da dívida já inviabiliza. É muito difícil fazer uma mudança sem injeção forte de capital externo. Então a SAF é uma saída. Foi um exemplo do Vasco, com a 777, na origem, ou do próprio Atlético-MG, que tinha o endividamento alto.E tem clubes que não estão necessariamente com o endividamento alto, mas veem na SAF um modelo mais sólido de médio e longo prazo, com injeção de recurso, mas também com injeção de tecnologia, de gestão estável no médio e longo prazo. Isso faz com que os clubes consigam se planejar mais.”
Bahia como exemplo
Guilherme Bellintani foi presidente do Bahia em dois mandatos, entre 2018 e 2023, sendo reeleito com 86% dos votos.
Neste período, o time foi campeão da Copa do Nordeste de 2021 e tetracampeão Baiano. No Brasileirão, amargou o rebaixamento para a Série B em 2021, mas conseguiu o acesso na temporada seguinte.
Em 2020, ele inaugurou o novo centro de treinamentos do clube e encabeçou a venda da SAF para o Grupo City, em maio de 2023.
“O Bahia tinha uma dívida, mas não era uma dívida absurda em termos de tamanho. Mas a gente entendia que um bom caminho para elevar o nível técnico do clube era trazer parceiros. Conseguimos trazer lá o Grupo City, o Manchester City, todos os seus clubes do mundo inteiro. E hoje o Bahia passou por uma transformação grande.” disse Bellintani.
Ele complementou destacando o seguinte: “Quando a Lei da SAF foi aprovada, em agosto de 2021, logo depois eu comecei a procurar parceiros para oferecer à torcida uma avaliação sobre SAF. E o primeiro da lista era o Grupo City por razões óbvias, o grupo que é o mais bem sucedido no mundo em termos de gestão de futebol. E a gente bateu na porta do City, mostramos o nosso projeto, mostramos o clube e essa conversa evoluiu muito. Ao longo de um ano, um ano e pouco, a gente conseguiu fechar todo o projeto.”
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