Após a vitória por 4 a 0 do Brasil diante do Peru pela décima rodada das Eliminatórias, o treinador Dorival Júnior falou com a imprensa e fez sua avaliação sobre a partida.
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“Uma seleção que venceu e sabe porque venceu”. Assim foi definida por Dorival Jr. a postura da Seleção Brasileira diante do Peru no estádio Mané Garrincha no que foi a primeira vitória por mais de dois gols de diferença desde que o técnico assumiu o cargo.
“Tivemos no primeiro tempo uma equipe que se defendeu ao extremo e tentamos de todas as formas. O jogo não estava fluindo como deveria e como talvez tenhamos nos preparado. O que eu imagino é que mesmo assim conseguimos um gol importante. Na segunda etapa, a partir do momento do 2 a 0, a equipe adversária se abre um pouco mais e nos deu tudo o que queremos: campo para trabalhar. Fico feliz de modo geral, e não especificamente pelo segundo tempo, que buscamos fazer tudo o que foi trabalhado e treinado.” avaliou Dorival.
No terceiro gol do Brasil, marcado por Andreas Pereira numa bonita jogada envolvendo o meia e o ponta Luiz Henrique, Dorival enxergou a metonímia do que a Seleção pôde oferecer de melhor.
“O gol do Andreas, se avaliarmos o que aconteceu, tivemos a pressão na bola, a retomada dela, a troca de lado, as infiltrações, a equipe adversária tentou uma saída, retomamos por estarmos bem montado na área, a bola bateu nos pés do nosso goleiro, começamos uma reconstrução pelo lado esquerdo, caiu para o direito, a finta do Luiz e a bela finalização do Andreas. Foram coisas trabalhadas. A dinâmica mudou a troca de passes pelo segundo gol que o adversário saiu um pouco mais. No primeiro tempo, era impossível. Precipitamos em algumas situações quando poderíamos ser mais simples.”
Apesar da vitória, o treinador entende que o momento anterior à partida, de cobranças, era pertinente e mantém a cabeça boa quanto a continuar produzindo resultados pelo Brasil.
“Temos que ter a consciência de que é um grupo em formação e carece de ajustes. Não adianta eu falar aqui para ficarem tranquilos que repetiremos essas atuações. A equipe vai oscilar, é um fato isso. Faremos até partidas melhores do que essas. O adversário não teve chance de gols, tivemos retomadas rápidas de bola. Houve situações em que eles não trocaram passes e isso é um ponto positivo. É um processo de oscilação natural. Eu vou entender se novamente tivermos uma recaída. É natural que aconteça e vamos trabalhar para diminuir essa condição. Temos que estar preparados para a próxima rodada que é decisiva para as nossas pretensões. Um jogo na Venezuela e depois com o Uruguai, que é concorrente direto pela vaga. Não me iludo como não desesperei quando as contestações estavam afloradas. Eu sempre posicionei que os treinamentos mostravam algo diferente do que era mostrado nos jogos. Melhorou um pouco? Melhorou um pouco. Agora, pés no chão.”
Equilíbrio ofensivo e defensivo
O treinador fez uma avaliação sobre o equilíbrio das fases ofensivas e defensivas do Brasil durante essa partida.
“Vínhamos tendo uma sustentação defensiva na maioria dos jogos. O que nos faltava era os ataques em profundidade. Isso não vinha acontecendo. Queríamos muito a bola nos pés do jogador, existia uma aproximação na mesma linha, o que passa uma comodidade ao adversário. A partir da próxima data, temos que trabalhar em cima coletivamente. Foi o que fizemos no CT do Palmeiras, trabalhando muito a infiltração, os movimentos de ataque, o movimento sujo sem que receba a bola e isso nos deu profundidade. Talvez tenha sido o melhor ganho. Danilo também teve boas saídas de bola na última partida. Hoje, com um pouco mais de ímpeto, é natural que a equipe se solte mais a cada momento. Mas volto a falar que ainda temos muito trabalho para continuarmos criando sem sofrer no sistema defensivo. Essa é a busca de equilíbrio que nós queremos.”
Vitória como resposta às cobranças?
“Não entendo dessa maneira, não. Não coloco assim. Vivemos no nosso país há algum tempo, um tempo como atleta, outro como auxiliar, outro maior como treinador, e sei o que enfrentaria, as condições que estávamos e as necessidades que tinham que ser feitas. Sabia que teríamos dificuldades e coloquei em algumas oportunidades ao presidente de que não seria um mar de rosas essas mudanças e uma reformulação necessária. Respeitamos muito aqueles que aqui estavam e podem voltar a estar. O que fico feliz é por ver a cumplicidade do torcedor tanto em Curitiba quanto em Brasília. A maneira como nos receberam nos enche de orgulho por vestir a camisa da Seleção. Voltar a ter o respeito no futebol mundial é um desafio para todos nós. Precisamos voltar a resgatar a paixão do torcedor pela Seleção. Vejo isso em todas as cidades e aeroportos a forma como têm nos tratado, a confiança que têm nos passado… Muito por estarem vendo a tentativa de mudar alguma coisa. Mudar para melhor e recuperar a confiança.”
Mental da equipe
Dorival finalizou a coletiva avaliando a condição mental da equipe e indicando seu pensamento sobre o que é a capacidade de estabilidade mental do seu time.
“A estabilidade emocional passa naturalmente por uma estabilidade técnica e tática da equipe. Quando adquirirmos isso estaremos estabilizados emocionalmente. Esse lado se apresenta mais na dificuldade. Aí aparecem liderança jogadores que passem confiança e que assumam papéis de importância. A partir do momento que continuemos passos importante não temos dúvidas de que a estabilidade possa aparecer. Não é para me justificar, é uma equipe em formação. Pode ser que na frente tenhamos dificuldade, mas vamos trabalhar para não acontecer. Mas é um fato que pode ser natural pelo momento da equipe, principalmente pelos jogos sequenciais. Vamos precisar ter um trabalho organizado para desenvolver e melhorar o trabalho.”
O Brasil agora volta a ter ação somente na próxima data FIFA, prevista para o meio de novembro. Os jogadores retornam aos seus clubes a partir dessa quarta-feira (16).
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