O diretor administrativo do Corinthians, Marcelo Mariano, virou alvo dentro do Corinthians. As recentes polêmicas envolvendo a administração do clube fazem com que seu nome seja alvo de uma investigação que pode levá-lo ao Conselho Deliberativo, sob a suspeita de cometer eventuais atos de improbidade, isso é, desonestidade administrativa.
Um dos atos a ser investigado pelo CD é o caso que está sendo investigado pela Polícia Civil de São Paulo, envolvendo pagamentos à empresa que supostamente fez a intermediação do contrato do clube com a ‘Vai de Bet’ e que supostamente enviou valores a uma empresa fantasma na sequência.
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Os valores em questão foram pagos pelo clube nos dias 18 e 21 de março, conforme determinação de Marcelo. Ele, que não tem qualquer autonomia sobre os departamentos financeiro, jurídico e de marketing, foi mandante dessas duas transações.
“A justificativa que ele deu foi que a empresa emitiu as notas e a empresa pagou o imposto sobre aquelas notas, então, a empresa precisava receber o dinheiro, pois ela tinha a despesa com o imposto destas notas. Essa foi a justificativa apresentada por ele.” disse Armando Mendonça, vice-presidente do Corinthians e advogado.
Qual o tamanho do problema?
O argumento relatado por Armando não condiz com a realidade da empresa que recebeu os valores. Segundo apuração da Gazeta Esportiva, há um documento que comprova que a empresa em questão não está com os impostos em dia e, por isso, não tem posse da Certidão Negativa de Débito oferecida pelo governo àqueles que ficam em situação adimplente.
O pagamento ou não dos impostos das notas citadas, portanto, não causaria diferença, além de não ser de preocupação ou responsabilidade do clube.
Histórico de descumprimento de pagamentos
Para além dessa problemática envolvendo a empresa de apostas ‘Vai de Bet’, Marcelo acumula problemas na área que tange à sua obrigação: diretoria administrativa. Cobranças de prestadores de serviço do Corinthians foram ignoradas constantemente desde a eleição da atual gestão.
Um dos exemplos é a empresa Verssat Segurança LTDA, que não recebeu nenhum pagamento em 2024. Apesar disso, enquanto estiveram sob contrato, não deixaram de prestar os seus serviços.
“Em maio, eles rescindiram o nosso contrato. Estamos há cinco meses sem receber. Essa gestão nunca me pagou, só recebemos até o fim de 2023. E estamos pagando imposto, benefícios, salários, tudo em dia aos nossos funcionários. Então, isso me deixa numa situação complicada.” disse Anderson dantas, presidente da empresa, à Gazeta Esportiva.
O valor devido pelo Corinthians à empresa de Anderson excede os R$2,6 milhões, além dos juros por atraso.
“Eu vou acionar o jurídico, infelizmente, porque ninguém me deu retorno. Não queria chegar a esse ponto, porque, apesar de tudo, sou corintiano, morei em Itaquera por muitos anos, não queria fazer isso. Mas, infelizmente, vou ter acionar o jurídico e pedir para entrar com processo de cobrança.” informa Dantas.
Criação de novas dívidas
Para além da problemática envolvendo as prestadoras de serviço já contratadas, a gestão corinthiana ainda criou novas dívidas ao selar acordos com novas empresas. A Workserv Serviços Terceirizados, empresa de segurança contratada pelo clube ainda em meio ao contrato com a empresa de Anderson Dantas, emitiu uma nota de R$ 353.9 mil pelo trabalho feito em abril.
Ainda houve a contratação da empresa RF Segurança LTDA para cuidar da segurança do campo da Neo Química Arena. O valor da nota emitida em maio foi de R$ 21.6 mil.
Incômodo interno
As demasiadas decisões administrativas equivocadas, o desleixo para com obrigações da sua pasta e, principalmente, a influência exercida por Marcelo Mariano, tal qual como a sua força nos bastidores do clube, incomodam demais membros da diretoria.
A apuração da Gazeta Esportiva dá conta de indisposição de diversos membros da diretoria para com Marcelo, incluindo um dos dois diretores que se despediram do Corinthians na última sexta-feira (07), Rozallah Santoro.
O destino do diretor no Corinthians parece estar próximo de um embate com demais membros da diretoria. A crise financeira e administrativa pode ter sido a gota d’água que faltava para que um relacionamento já desgastado se tornasse um problema.
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