Três torcedores do Valencia foram condenados, na manhã desta segunda-feira (10), a oito meses de prisão na Espanha por ataques racistas a Vinícius Junior em maio de 2023, no estádio Mestalla. Eles também foram proibidos de entrar em qualquer estádio de futebol por dois anos e receberam multas.
Javier Tebas, presidente da LaLiga, comemorou a condenação, a primeira deste tipo na história do futebol espanhol.
“Esta sentença é uma ótima notícia para a luta contra o racismo na Espanha, pois repara os danos sofridos por Vinicius Junior e envia uma mensagem clara para aquelas pessoas que vão a um estádio de futebol para insultar que a LaLiga irá detectá-los, denunciá-los e haverá consequências criminais”, disse o mandatário.
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Os culpados foram enquadrados em artigo do Código Penal espanhol que trata sobre crime contra a integridade moral, com agravante de descriminação por motivos racistas
Em nota, a LaLiga relatou que o Valencia FC colaborou com as investigações e na identificação dos acusados.
“Vale lembrar que o clube local, o Valencia FC, colaborou desde o primeiro momento na identificação dos acusados e procedeu imediatamente à sua expulsão como sócios do clube”, publicou a liga espanhola, relatando que, antes da condenação, os torcedores leram uma carta com pedidos de desculpas a Vinicius Júnior, ao Real Madrid e à liga.
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Relembre o caso
O incidente ocorreu em 21 de maio de 2023, quando o atacante brasileiro foi ofendido por vários torcedores do time da casa, que o chamaram de “mono” (macaco, em espanhol).
Na ocasião, Vinicius Jr puxou o árbitro da partida, Ricardo de Burgos, para denunciar um torcedor atrás do gol. De Burgos conversou com os jogadores e com os técnicos dos dois times, além do quarto árbitro.
O sistema de som do estádio Mestalla emitiu os seguintes alertas: o primeiro informando que a partida havia sido paralisada devido ao episódio de racismo, e o segundo avisando que o jogo só continuaria se os xingamentos e cânticos cessassem. Foram cerca de oito minutos até a retomada do jogo.
O segundo tempo prosseguiu e, por volta dos 48 minutos, outra confusão surgiu na área do Valencia. O goleiro Mamardashvili avançou sobre Vinicius Junior — ambos receberam cartão amarelo inicialmente — e outros jogadores também se envolveram na briga.
Durante a briga, o atacante espanhol do Valencia, Hugo Duro, deu uma mata-leão no brasileiro. Ao se desvencilhar do golpe, Vini acertou o rosto do agressor. O VAR chamou o árbitro, que reviu o lance, e apenas o brasileiro foi expulso da partida.
Após receber o cartão vermelho, Vinicius Junior deixou o campo aplaudindo e fazendo o gesto com o número 2, em alusão ao risco de rebaixamento do Valencia. Integrantes da comissão técnica e jogadores do time da casa foram tirar satisfação, e o brasileiro precisou ser escoltado por seus colegas do Real Madrid.
Comunicado LaLiga
“Hoje foi proferida a primeira condenação por insultos racistas em um estádio de futebol na Espanha, na sequência de uma denúncia apresentada por LALIGA perante os tribunais.
A sentença, que julgou cantos racistas proferidos contra Vinicius Jr em 21 de maio de 2023, no Mestalla, por três indivíduos, considerou os réus culpados de crime contra a integridade moral de acordo com o artigo 173.1 do Código Penal, com circunstâncias agravantes de discriminação por motivos racistas (art. 22.4 C.P.).
A pena ascendeu a 12 meses de prisão, que foi reduzida em um terço devido ao cumprimento na fase de instrução, ficando a pena efetiva para os três arguidos em oito meses de prisão e as custas do processo. Além disso, os culpados serão proibidos de entrar nos estádios de futebol onde se realizam jogos da LALIGA e/ou RFEF por um período inicial de três anos e reduzido para dois anos pelo mesmo motivo processual.
Vale lembrar que o clube local, o Valencia CF, colaborou desde o primeiro momento na identificação dos acusados e procedeu imediatamente à sua expulsão como sócios do clube.
Esta é a primeira condenação deste tipo proferida na Espanha, na sequência da denúncia da LALIGA perante os Tribunais de Justiça, e à qual se juntaram eventualmente a RFEF, o Real Madrid e, nas últimas semanas, a própria vítima, a jogador Vinícius Jr.
Durante a audiência, o arguido leu uma carta a pedir desculpa a Vinicius Jr, à LALIGA e ao Real Madrid, reconhecendo no caso da LALIGA a sua luta contra o racismo e a sua atuação decisiva a nível jurídico e institucional desde o primeiro momento, tanto neste caso como nos outros.
“Esta sentença é uma ótima notícia para a luta contra o racismo na Espanha, pois repara os danos sofridos por Vinicius Jr. e envia uma mensagem clara para aquelas pessoas que vão a um estádio de futebol para insultar que a LALIGA irá detectá-los, denunciá-los e lá terão consequências criminais para eles”, afirmou o presidente da LALIGA, Javier Tebas.
“Entendo que possa haver alguma frustração pelo tempo que estas sentenças levam a ser proferidas, mas isso mostra que Espanha é um país garantidor a nível judicial. Neste sentido, da LALIGA só podemos respeitar os tempos de justiça e exigir mais uma vez que a legislação espanhola evolua para que a LALIGA tenha poderes sancionatórios que possam acelerar os tempos de luta contra o racismo”, acrescentou o presidente”.