Perto do fim de seu mandato no Fluminense, Mário Bittencourt comanda, na noite desta segunda-feira (14), uma reunião para atualização do processo de SAF. A expectativa é que o encontro, realizado na sede do Tricolor, tenha a apresentação de estudos do banco, desde as dívidas, que giram em torno de R$ 800 milhões, até a previsão de investimento na futura SAF.
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Marcada para as 19h30 nas Laranjeiras, com segunda convocação às 20h, a reunião chama atenção de torcedores tricolores e também é cercada por protestos. As manifestações reúnem desde críticos mais recentes até opositores antigos da gestão de Mário. A transmissão será feita pela Flu TV no YouTube.
Enquanto enfrenta acusações de conflito de interesses por parte da oposição, a tendência é que Mário encaminhe a aprovação da venda da SAF. Ele mantém forte influência nos bastidores do clube, resultado dos dois mandatos como presidente, da longa trajetória no Fluminense e do inédito título da Copa Libertadores.
Em 2022, o Fluminense contratou o BTG para prestar assessoramento financeiro. O acordo também incluía a realização de um “valuation”, ou seja, a estimativa do valor de um ativo, no caso o próprio clube carioca, que, no entendimento do presidente, não seria inferior a R$ 2 bilhões. No início, Mário apostava em um modelo em que o Tricolor não perdesse o controle acionário do futebol. No entanto, após sucessivas negativas do mercado, foi obrigado a repensar essa estratégia.
O processo gera desgaste dentro do clube e racha na base aliada mais próxima de Mário. Coordenador de campanha de Mário nas últimas três eleições e agora ex-funcionário contratado do clube, Luís Monteagudo foi desligado pelo presidente no dia 11 de março. O presidente se sentiu traído por reunião do grupo Tricolor de Coração, do qual Monteagudo faz parte, para debater SAF.
Os bastidores do Fluminense expõem um racha político e descontentamento na base aliada do presidente. Luís Monteagudo, coordenador de campanha de Mário Bittencourt nas últimas três eleições e, mais recentemente, ex-funcionário contratado do clube, foi desligado por ele no dia 11 de março. Integrante do Tricolor de Coração, Monteagudo afirmou que Mário se sentiu traído pela reunião do grupo para debater a SAF.
“A reunião foi às vésperas do Carnaval, com o intuito de debater os modelos e para contribuir e eventualmente votar (sobre a SAF). Ele ficou sabendo da reunião e ficou reclamando, perturbando meu juízo, disse que eu era remunerado pelo clube. Eu respondi que era remunerado há quatro anos e que na reeleição dele em 2022 eu já era contratado e isso não me impediu de ter atuação política, inclusive solicitada por ele.”
Luís Monteagudo questiona a possibilidade de Mário Bittencourt se tornar CEO da futura SAF. O presidente do Fluminense, por sua vez, não descarta essa possibilidade, embora costume afirmar que nunca foi uma condição para o negócio. O CEO, como é comum em clubes e empresas, teria uma remuneração mensal e um mandato de cinco anos, renováveis por mais cinco, segundo informações do colunista Lauro Jardim, de “O Globo”.
Dias após o desligamento do clube, Luís e mais 33 sócios enviaram um requerimento ao presidente do Conselho Deliberativo, solicitando uma reunião para esclarecimentos sobre a SAF e a inclusão de uma “regra de quarentena”. O objetivo era impedir que gestores do clube, remunerados ou não, assumissem qualquer cargo na SAF por um período mínimo de seis anos, garantindo assim a isenção dos agentes envolvidos na negociação.
Monteagudo comentou que percebe uma mudança de postura de Mário ao longo do processo.
“O contrato com o BTG originalmente não era para isso (se tornar SAF), até porque em 2022 ainda estava saindo a lei da SAF. Era uma consultoria financeira, busca de investidores, eventualmente para o próprio BTG virar patrocinador. Ele (Mário) foi mudando de ideia. Era contra a SAF, falava mal de Vasco e Botafogo. Mas viu que era alternativa de perpetuação no poder. Ele é muito fã do Marcelo Paz (ex-presidente e hoje CEO do Fortaleza), que criou SAF também para se perpetuar no poder independentemente de ter qualidade ou não na gestão.”
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