Em entrevista coletiva realizada na tarde dessa quinta-feira (14), Pedrinho, que é presidente do Vasco da Gama, comentou, nas mais de duas horas de evento, sobre a mais ampla gama de assuntos possíveis no que tange ao noticiário cruzmaltino.
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Nessa, que foi sua quarta coletiva pelo Vasco desde que tornou-se presidente, a primeira em cinco meses, o mandatário cruzmaltino comentou abertamente sobre assuntos que tangem à revenda da SAF e também ao momento esportivo da equipe.
Um desses assuntos foi a reforma de São Januário, anteriormente prevista, conforme dito publicamente por Pedrinho, para ter seu início em janeiro de 2025. Conforme revelado pelo presidente, esse início será retardado em alguns meses por conta da falta de um comprador do potencial construtivo.
“Eu assumo essa responsabilidade. Eu falei que iria iniciar em janeiro, fiz muita força com a Prefeitura do Rio de Janeiro, fui muitas vezes na Câmara pedir para acelerar os processos, porque eu tinha 100% de certeza que a gente estava fechado com um comprador total. Estava tudo muito certo, só que a gente não tinha nada assinado. E abriram outras possibilidades de outros locais de potencial, o possível comprador saiu da mesa. Estava muito certo, só que negócio é negócio. Não estava assinado. Por isso que eu falei muito mesmo que a gente iria começar no início do ano, porque era muito concreto. Serve de experiência, eu assumo essa responsabilidade de não começar em janeiro.”
O presidente também fez uma avaliação sobre as movimentações do Vasco na janela de transferências no meio da temporada, na qual o clube fez seis transações.
“Só pontuando as contratações que foram feitas na janela. As três primeiras foram Coutinho, Souza e Alex (Teixeira), não preciso voltar nelas. É muito cruel você fazer uma avaliação em um momento duro, delicado. Vocês têm tanto acesso quanto eu e toda equipe de scout a qualquer atleta que vem. Ninguém consegue enganar ninguém. “Ah, vou trazer um jogador bom”. Se ele for ruim, vocês vão saber que é ruim. Vocês têm acesso a alguns aplicativos esportivos para ter dados, números, vídeos. O Maxime Rodríguez é muito bom jogador. Um ponto sobre ele é que foi divulgado um valor que foi repercutido. Ninguém se deu o trabalho (de checar), porque em Portugal você pode publicar o valor. Tá lá, no time Gil Vicente, por quanto foi feita a transação. Alguém foi lá olhar? Quanto falaram para vocês que foi a transação? Entra lá e vê. Foi 1,5 milhão (de euros). O salário dele é pequeno. A gente paga em 18 meses a transação, mas divulgam números absurdos e ele é muito bom jogador.”
Pedrinho completou indicando que não se sente no papel de comentar posicionamento tático dos jogadores, relatando que crê que isso seja papel do técnico da equipe, Rafael Paiva. Ainda assim, pontuou brevemente sobre sua visão em cima dos reforços da equipe nesse meio de ano.
“Eu não posso chegar hoje e falar nada sobre modelo de jogo. Todos os questionamentos sobre técnica, tática e escalação são direcionados para a comissão técnica. Óbvio que se pedirem a minha opinião, eu vou dar, mas não é a minha função. Hoje tenho um scout, gestores esportivos que passam para mim e eu dou o aval, a canetada, junto com o Amodeo. O Jean pode estar jogando bem ou mal, mas ele não pode ser convocado para a seleção chilena e ser ruim. Contra o Vitória, fez um bom jogo. Pode ter caído de rendimento. Mas é um contexto que de repente faz com que ele não renda o que pode, mas é um bom jogador. Para nós, e pegando o gancho da minha função, é muito mais fácil ir no embalo de uma onda, e é difícil ir contra a maré mesmo. Analisem com um pouco mais de calma a questão de jogar bem ou não, minutagem ou não, para a definição se o cara é bom ou não. Eu posso afirmar para vocês que os dois são bons jogadores.”
Em que pé está a venda do potencial construtivo?
O vice-presidente jurídico Felipe Carregal, que esteve presente junto a Pedrinho e ao CEO do Vasco, Carlos Amodêo, falou sobre o andamento da venda do potencial construtivo de São Januário.
“O que a gente tem hoje: a Prefeitura está terminando de fazer a redação de um decreto para regulamentar a lei. Nosso time está em contato com a Prefeitura contribuindo para essa redação. A estimativa é que esse decreto fique pronto até o final do mês. Em paralelo, como a gente depende desse decreto, a gente está trabalhando, está conversando com incorporadoras, já existe carta de intenção assinada. Inclusive, estamos com uma consultoria. Isso é normal, o fluxo de pagamento da incorporadora não vai casar com o nosso fluxo de obra. Então estamos estruturando uma solução financeira e jurídica, pensamos até em um fundo, para que, em paralelo com o tempo que está sendo gasto com esse decreto, a gente possa caminhar.“
Vasco jogará o Carioca de 2025 em São Januário?
Pedrinho revelou detalhes sobre a possibilidade de que o Vasco atue em São Januário para o estadual do próximo ano.
“Enquanto a gente tiver o campo a gente vai jogar. São 100 mil metros quadrados (quase vendidos) e já tem interessados nos outros dois terços (do potencial construtivo). Mas tem esse mecanismo do dinheiro, porque a projeção de receita desse possível comprador não é agora, então a gente tem que arrumar ali ou um empréstimo com um banco ou alguma coisa para iniciar a obra, mas precisa sair o decreto e ser comprado. Aí é ver se com esse primeiro impacto financeiro a gente já consegue iniciar a construção. A gente poderia arrumar outras estratégias que eu não quero usar, por exemplo “vamos iniciar com as vendas dos camarotes”. Pode ser uma das alternativas se tiver tudo muito engasgado.”
O CEO Carlos Amodêo complementou, indicando o seguinte.
“Considerando a mudança do calendário para 2025, a antecipação do término dos estaduais, provavelmente nós, sim, estaremos com São Januário à nossa disposição durante o campeonato estadual. Nossa equipe de marketing está pensando em alternativas para que o torcedor possa desfrutar dessas partidas que nós disputaremos no estadual do próximo ano como as últimas partidas de São Januário da forma como ele está antes da obra. Também estamos pensando em experiências para o torcedor aproveitar esses últimos meses.“
Há um projeto para o futebol?
Questionado sobre a existência de um projeto focado no futebol do clube, Pedrinho foi sincero.
“A questão do projeto esportivo tem duas vias. Enquanto não chegar um investidor, como a gente faz? Sem um investidor, o que a gente faz? Atacar as dívidas. Eu sei que dói pra c….. no torcedor porque dói em mim, só que dessa vez é de verdade. A gente vai atacar as dívidas. Se não existisse investidor, o planejamento seria atacar as dívidas, potencializar nossa categoria de base, que muitas vezes nós mesmos desvalorizamos nossas crias. Aí quando o cara sai, falam “pô, se estivesse no Vasco…”. Mas quando estava aqui, a gente não tinha paciência. Sempre foi isso, está falando um aqui que saiu da base. E temos que ser certeiros nas contratações. Isso é um planejamento de médio prazo. Se chegar um investidor, obviamente a gente muda o planejamento porque vai chegar um aporte, vai continuar atacando a dívida mas de uma forma mais agressiva. E vai ao mercado procurar jogadores de um nível muito melhor.”
Valorização da base do Vasco
“Acho que vender barato é pela necessidade mesmo. A gente tem um potencial enorme aqui. Se pegar o jogo contra o São Paulo, jogou o Leandrinho, Estrella, JP. A gente tem o Lyncon, o Luiz Gustavo, que é um ótimo zagueiro. Tem o Paulinho lateral-direito, tem o Alegria, que está jogando. Temos que acreditar e potencializar os meninos. Obviamente que eles precisam de uma estrutura para isso. Esse é o DNA do Vasco. Se chegar um investidor, isso será passado para o investidor, que vai conhecer a história do Vasco. Quando você está em um bom momento, é só pegar um jogador bom da base e colocar num time que está em bom momento. A proposta chega diferente. O mercado é cruel, não existe amor no negócio, infelizmente. Para mim não existe negócios, negócios, amigos à parte. Para mim amigo vem sempre na frente. Só que no mundo não é assim. É mais ou menos isso.“
Há planos para a reestruturação do CT?
Questionado sobre a problemática no entorno da estrutura do centro de treinamento do Vasco, Pedrinho revelou seus objetivos para sanar a lacuna.
“Até com a possível obra, já estamos tentando estruturar o outro terreno do lado, que é nosso, para fazermos um complexo único. Facilita tudo, até em economia, você tem tudo no mesmo lugar. Com a questão do CT, o nosso não tem uma parte molhada. Isso é inacreditável. Mesmo sem o investidor, o Thiago (que trabalha com a equipe) já está levando pessoas lá para que a gente possa iniciar um processo de fazer a parte molhada dentro do CT para a próxima temporada. Jogador hoje prefere ir para o lugar que tem estrutura e de repente o clube nem é grande. Mas ele prefere isso: estrutura e salário em dia.“
Polêmica venda de ingressos em São Januário na Copa do Brasil
Questionado sobre a polêmica venda de ingressos para a partida de volta da semifinal da Copa do Brasil, contra o Atlético Mineiro, onde supostamente Pedrinho teria reservado mais de cinco mil ingressos para amigos e patrocinadores, reduzindo a capacidade de ingressos vendidos, o mandatário comentou.
“Houve uma precipitação na abordagem do jogo contra o Atlético-MG, por meio da ata, que é uma previsão do que é a perspectiva de venda. Foi divulgado que botamos 12 mil ingressos à venda, mas eu não posso falar de forma imediata porque eu preciso esperar o borderô. (Foram vendidos) 16.500. Alguém debateu sobre isso? Alguém voltou e falou ‘nós erramos’? Não. Nesse período, até eu me justificar, porque eu tinha que esperar o borderô, eu saí como ladrão, bandido. E de pessoas que viveram a vida inteira no Vasco aqui de ingressos, que hoje viraram os moralistas das redes sociais. Vivem até hoje do que ganharem de ingressos aqui. Aí me botam em um pacote, eu tenho que ficar ali de ladrão, de ‘esquemeiro’ de ingresso durante horas porque não esperaram o borderô. E ninguém foi a público dizer ‘cara, nós erramos, o borderô é 16.500’. Eu venho sempre aqui tendo que desmentir, e faço isso com o maior prazer, sem problema nenhum. É só pra gente ter um pouco mais de cuidado. Você vai ferindo, ferindo, ferindo. E aí eu venho aqui mostrando qual é a realidade, porque está tudo comprovado. Eu não tenho motivo para mentir.”
Possibilidade de melhorar o contrato de Pablo Vegetti
“O Vegetti tem um ótimo salário e tem contrato com gatilho até 2026. É lógico que se eu puder melhorar o salário dele, eu vou melhorar. Sem causar danos financeiros ao clube. O que tem que ficar claro é que não vou melhorar nem diminuir salário de ninguém por desempenho. Se o jogador tem contrato até 2030, joga bem e pede aumento… Se jogar mal, eu posso diminuir? Tenho carinho enorme pelo Vegetti, e minha intenção é melhorar o salário dele. Um cara completamente profissional, sente a dor da derrota, sente o prazer da vitória, é um líder. É um cara extraordinário no dia a dia, com quem me identifiquei muito. Vou fazer de tudo para melhorar as condições.”
Problemas extra-campo de Philippe Coutinho
Questionado sobre sua visão em cima de Philippe Coutinho, meio-campista do Vasco da Gama e grande contratação da temporada, Pedrinho comentou.
“Tenho muita pena no sentido dele se lesionar. O Coutinho é muito parecido na questão de comportamento diário com o que eu tinha. Ele treina igual um cavalo, se mata de treinar, as pessoas passam para ele as métricas de intensidade e volume para ele ser poupado, e ele pede para treinar mais. Até por isso ele se machuca. Ele acha que tem que treinar o tempo inteiro e está numa cobrança informal. É injusto, quando você vê um profissional que ama o Vasco, e é uma pena ele se lesionar. A dedicação e respeito dele são enormes. Meu desejo é de que ele relaxe um pouco, está carregando um mundo nas costas. É igual a mim: quer consertar 40 anos de Vasco sem ter culpa de nada.“
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