Em JOGÃO, Botafogo passou pelo São Paulo nos pênaltis na noite desta quarta (25), e avançou de fase para a semifinal da Conmebol Libertadores, onde pegará Peñarol ou seu rival Flamengo.
Muitas coisas aconteceram no Botafogo nos últimos tempos. Coisas que, de fato, só acontecem com o Botafogo. A torcida tomou golpe atrás de golpe. Mas a sorte parece começar a mudar. Depois de um jogaço no Morumbis,onde o Glorioso abriu o placar, tomou empate de Calleri perto do fim, e o torcedor ficou com o peito apertado, já depois de tantas frustrações passadas.
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E assim veio as dramáticas cobranças de pênaltis, que para qualquer um, parecem durar cinco décadas. Mas todo esse tempo esperado valeu a pena para seu torcedor poder gritar que o time está, de novo, em uma semifinal de Libertadores, depois de 51 anos.
Herói da classificação
O goleiro John foi uma das estrelas que brilharam na partida, com muitas defesas durante o jogo e por defender o pênalti de Rodrigo Nestor na disputa decisiva, depois do 1 a 1 no tempo normal no Morumbis. Em entrevista após a partida, o arqueiro explicou a estratégia.
“É estudo. Procurei esperar até o máximo para deixar eles definirem, não eu definir antes, para estar mais perto de pegar. Fui feliz graças a Deus, agora é comemorar essa classificação para a semifinal”, celebrou John.
Durante as cobranças, John parecia consultar algo na toalha onde guarda sua garrafinha de água, mas ele não quis revelar mais informações.
“Sabíamos da dificuldade que seria o jogo. Acabou indo para os pênaltis, fui muito feliz ali. A toalha é mais para concentrar a cada vez e fazer o mental ficar mais forte para poder pegar o pênalti.”
Marlon Freitas
Já o capitão da equipe carioca, Marlon não disfarçou a satisfação de chegar às semifinais da Libertadores. Para o volante, o feito é a consequência do crescimento do clube, tanto internamente quanto externamente.
“A ficha vai demorar um pouquinho para cair. É só felicidade, só agradecer a todos os meus companheiros, aos funcionários que não vieram, tanto os do CT quanto os do Nilton Santos. O Botafogo está crescendo não só dentro como fora de campo. Cheguei ano passado, peguei o clube já numa evolução, estou vendo o clube crescer, fazendo parte do projeto.”
“A maratona continua. Hoje precisamos comemorar, botar para fora, porque são muitos anos, mas não queremos parar por aqui. Vamos comemorar, virar a chave já para o Campeonato Brasileiro, que é uma competição que estamos brigando jogo a jogo. Agradecer a todos os torcedores que vieram e que ficaram em casa mandando energias.”
Artur Jorge
O técnico destacou a coragem do Botafogo para garantir a classificação para semifinal. O treinador exaltou a postura da equipe e comemorou a vaga na próxima fase da competição.
“Vimos aqui com uma grande coragem, e disse para os jogadores que não havia história sem coragem. Hoje acrescentamos mais uma página na história do Botafogo, e o fizemos de uma forma muito competente, com uma grande atitude, um grande compromisso. Sou aquele que dou os indicadores, que pode indicar o caminho, mas feliz qualquer treinador que possa ter um grupo de jogadores, de homens como esses que tenho ao meu dispor. São eles os grandes responsáveis por todos esses feitos, por tudo que conseguimos, pela atitude competitiva, pela vontade de ganhar.”
“Tivemos um jogo hoje onde vimos um Botafogo a ser fogo e dessa forma conseguimos o que queríamos. Sofremos um gol muito perto do final, tivemos um jogo muito conseguido da nossa parte. O gol foi uma pena, tivemos ocasião de fazer mais gols, mas tivemos frieza e sabedoria para sermos superiores e estar, mais de 50 anos depois, novamente numa semifinal.”
Artur não concordou com a visão de que o Botafogo tenha diminuído a intensidade no segundo tempo. Ele ressaltou que o time fez uma partida consistente.
“Não concordo (com falta de intensidade no segundo tempo). Talvez, sejamos até muito intensos. Fizemos um jogo muito consistente, muito competente e merecido por aquilo que é a entrega dos jogadores e a forma com que se aplicam em cada um dos jogos.”
“A história não termina hoje naquilo que é as quartas de final e termina de uma forma brilhante para nós porque fomos mais competentes, fomos mais equipe, fomos melhores do que o adversário nos dois jogos e, portanto, me parece extremamente merecido e justo aquilo que conseguimos hoje aqui de superar esse adversário, que também é um adversário poderosíssimo, muito bom.”
Lucas
Após a derrota na disputa de pênaltis, Lucas, que perdeu uma penalidade ainda no tempo normal, valorizou a entrega da equipe, mas lamentou a eliminação.
“Difícil falar em um momento como esse. É uma eliminação dolorida. A equipe buscou a todo tempo. Não faltou entrega, não faltou dedicação. É difícil falar, a torcida fez uma festa maravilhosa desde a chegada ao estádio, o jogo inteiro. É difícil não conseguir presenteá-los com essa classificação. É duro, mas é o futebol. Temos que unir forças para se reerguer”, disse o jogador à TV Globo.
“A equipe deles é muito forte, sabíamos da qualidade. Conseguimos suportar bem até, sofremos o gol em uma infelicidade. Acabei errando o pênalti, coisas que fazem parte do futebol. Dominamos completamente o segundo tempo, conseguimos empatar. Nos pênaltis, foi uma infelicidade. Temos que sair de cabeça erguida. Lutamos, nos entregamos. Essa ferida vai nos ensinar muitas coisas”, concluiu.
Luis Zubeldía
Na opinião do técnico, a eliminação do São Paulo para o Botafogo não refletiu o que foi a partida. O treinador viu a equipe melhor em campo e valorizou a reação já no fim do jogo, mas lamentou a queda.
Zubeldía admite que o time carioca foi superior nos primeiros 25 minutos da partida. Mas, em sua visão, o São Paulo cresceu a partir da entrada de Luciano e poderia ter empatado ainda mais cedo.
“Creio que São Paulo fez um bom jogo a partir dos 25 ou 30 minutos do primeiro tempo. Eles (Botafogo) têm um ataque de muito drible, são muito rápidos. Creio que, a partir do momento que trocamos, a equipe começou a melhorar na partida. Empatamos merecidamente, poderíamos ter empatado antes. Depois, foi um mata-mata contra um grande rival. Tenho que parabenizar o São Paulo, tentamos reverter o resultado.”
“Em termos gerais, a partir do momento 25, foi todo nosso. Infelizmente perdemos um pênalti, isso fez com que demorássemos mais tempo para empatar”, acrescentou.
Apesar da queda, Zubeldía pediu que o time vire a página. Ele já mira uma vitória no clássico contra o Corinthians, no domingo, pelo Brasileirão.
“Quando acontece algo que não se espera, como perder um pênalti ou um gol, tem que virar a página o mais rápido possível e buscar o próximo desafio, com a qualidade e o profissionalismo que tem esse grupo. Todos queríamos passar à semifinal, mas futebol é difícil de controlar o resultado. Aqui, não perde só um jogador, perdemos todos. Temos que virar a página para ganhar o clássico e competir no Brasileirão”, afirmou.
“Sabíamos que eles são fortes nos primeiros 20 minutos. Sabíamos que poderia acontecer isso [levar um gol]. Roubaram uma bola na nossa saída. Mas, a equipe fez um bom jogo. Quando vimos que estavam marcando o Lucas individualmente, coloquei o Luciano. São coisas que estão planificadas, por isso falei para o Luciano ficar preparado. Foi uma série de 180 minutos, a equipe se entregou ao máximo, foi superior ao rival nessa partida. Sentia que, se nós fossemos à semifinal, poderíamos ganhar a Libertadores. Tenho que parabenizar os jogadores e a torcida, que deu um espetáculo”, concluiu.
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