Hoje técnico da Universidad Católica, do Chile, Tiago Nunes está na briga pelo título chileno depois de anos. Antes, no entanto, o treinador não teve boa passagem pelo Botafogo, do qual foi demitido em fevereiro de 2024. Ele deu uma entrevista ao site “GE” pela primeira vez desde quando saiu do Brasil.
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– Foi uma saída, eu diria, tradicional. Ou seja, eu fui demitido pelos resultados e fui informado pelo nosso diretor de futebol. A gente sabia que estava envolvido num processo de reestruturação e reconstrução de uma equipe, que terminou a temporada do ano passado emocionalmente muito afetada. E naturalmente teríamos que arrancar a temporada com uma mudança bastante grande no número de jogadores, chegada de outros. Então, era um processo de reconstrução do time. E aí digo de maneira muito sincera: tudo que eu tinha para comentar a respeito da demissão, eu comentei de forma muito direta ao John Textor. A gente não teve muita comunicação durante a minha trajetória dentro do Botafogo, eu falava muito o (André) Mazzuco e o Alessandro (Brito). E depois, sim, que chegou a informação de que eu seria demitido, eu conversei tudo o que eu tinha que falar – explicou Tiago Nunes.
O treinador já passou por Corinthians, Athletico-PR, Grêmio e Botafogo, seu último clube antes de chegar à Católica. Agora segue no futebol sul-americano, pouco explorado por profissionais brasileiros, e achar uma rota diferente para o sucesso.
Chance sul-americana
O convite chegou após uma passagem pelo Sporting Cristal, do Peru, antes de chegar ao Botafogo. Com Tiago Nunes, a Católica se afastou da parte mais baixa da tabela do campeonato chileno e está lutando ponto a ponto pelo título nacional, uma briga da qual ficou longe nos últimos dois anos. O desempenho vem empolgando o técnico, que, apesar de ter contrato até o fim do ano, pensa em seguir fora do mercado brasileiro.
“Eu cada vez mais eu me convenço que a gente tem que estar onde as pessoas realmente querem contar com a gente. Porque muitas vezes a gente força alguns ambientes, força alguns clubes para trabalhar, mas são ambientes onde as pessoas não querem que você esteja, que não querem que você trabalhe. Querem que você simplesmente sobreviva num mundo caótico. E eu estou mais longe para conseguir trabalhar, conseguir ter uma continuidade. Para poder ter um desenvolvimento profissional mais equilibrado.”
“Eu estou mais para fazer o caminho contrário, de buscar essas oportunidades, porque aqui sinto que sou tratado profissionalmente com um pouco mais de respeito e paciência do que efetivamente no Brasil, onde a gente sabe que o treinador não tem um valor como deveria ter.”
Universidad Católica
Há quatro meses no comando da equipe chilena, Tiago Nunes colocou a Católica na zona de classificação para a próxima Copa Libertadores, sendo o principal objetivo que considerou na chegada ao clube. Também fez renascer o sonho do time de ser campeão nacional. Após uma sequência de quatro títulos seguidos, o tradicional clube ficou longe da disputa pelo troféu nas duas últimas ligas, coincidentemente desde que ficou sem estádio, enquanto constrói uma nova casa.
A Católica hoje é a terceira colocada do campeonato hileno, com 33 pontos, um a menos que o líder Coquimbo e a mesma pontuação que a rival La U, segunda colocada. Com Tiago, o time venceu nove das 12 partidas na liga e chegou a emplacar cinco vitórias seguidas entre abril e maio.
Botafogo
Sobre o trabalho no Botafogo, equipe que assumiu em novembro do ano passado, nos últimos jogos do Brasileirão, Tiago garante que não se arrepende de ter aceitado o convite. Na ocasião, ele foi a última aposta do clube para tentar a conquista do título brasileiro, diante de uma grande queda de desempenho antes da sua chegada. Tiago não tem arrependimento de ter voltado ao futebol brasileiro para assumir o Glorioso no fim de 2023.
“Não, foi uma grande experiência. Foi uma experiência muito boa. Era uma chance viva de brigar pelo título nacional, isso é evidente. E a gente teve isso nas mãos. Faltaram algumas coisas durante o final da temporada passada para a gente conseguir ter alguns resultados que nos escaparam. E depois, no minuto 90, no final dos jogos, como aconteceu antes da minha chegada e continuou acontecendo depois… Mas não, não me arrependo de forma alguma. Acho que foi uma experiência muito válida, muito importante, que acaba também trazendo para mim um aprendizado grande nesse sentido, de me manter fiel ao processo de planejamento. A gente sabe que o futebol ele é muito instável, então você nunca sabe onde vai estar 100% preparado, você tem que estar preparado para qualquer coisa que pode passar. Mas eu tenho certeza que eu sou profissional que a cada a cada situação que acontece na minha carreira, tanto positiva como negativa, tento fazer uma autocrítica grande para tentar melhorar. Tenho, creio que bastante caminho pela frente ainda. Tenho 44 anos, já vivi bastante coisa dentro do futebol, muitas situações positivas e negativas, e creio que isso acaba somando dentro do aprendizado que me aproximam dos meus objetivos futuros.”
O treinador optou pela comunicação com Textor, em vez de entrevistas ou esclarecimentos públicos, quando saiu do clube.
“Eu preferi falar diretamente ao John Textor, para que ele tivesse todo o entendimento das decisões que foram tomadas de forma interna, as razões pelas quais foram tomadas cada decisão, o que partia do treinador. E dentro disso não quis de maneira alguma falar a respeito do processo de saída do Botafogo, porque quando a gente sai, falar depois que sai, depois que é demitido, tudo tem uma conotação de desculpa, de justificativa, porque as coisas não funcionaram. E eu não queria passar por esse processo. Acho que é um processo que somente desgasta o treinador, né? Então não quis passar por isso”
“Acho que não há muito a se acrescentar depois que você sai, é demitido. O julgamento acaba sendo por parte da imprensa, das pessoas que gerenciam a informação. E eu tomei somente a reserva de falar diretamente com o dono do processo do clube. E quero deixar um alô, um agradecimento carinhoso a todas as pessoas com quem eu convivi durante o tempo em que eu estive lá dirigindo o Botafogo.”
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